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O pipilar da gaivota...

Fala mais alto quem gere o silêncio-"Bragadaluz"

O pipilar da gaivota...

Fala mais alto quem gere o silêncio-"Bragadaluz"

Imagens - Ternura

20.03.23, Bragadaluz

Ternura.jpg

Pelo dia do pai, recebi das minhas filhas, já há alguns anos,  que guardo religiosamente na carteira que trago sempre comigo, cópia desta foto / imagem cujo texto abaixo reproduzo, curvando-me ao respectivo autor 1

Um pai não se cansa de querer o melhor para o filho que ama e envolve, segura, aperta, de mão cheia torna próximo o que a vida faz distante e percebe, nesse mesmo instante, que essa pergunta a ter de existir, não tem nenhum sentido, pois a mão do filho não mente o calor que dela sai, não engana a forma como agarra e diz tudo e explica, sem dizer nada, sem palavra alguma de premeio, que o único caminho possível é o de ali estar, não desistir e, de olhos fechados sonhar.

Um pai é a última esperança, e por isso a primeira de um filho, e sabe, nada o demove, que esse é o seu destino desde aquele momento em que o viu, ou melhor (ainda antes) desde o tempo perdido em que o imaginou algures no seu trajeto de tentar ser. Por isso nada o detém, nem um deserto, nem todas as asperezas que existem, os muros, ou as armas de todas as guerras.

Porque para um filho, o pai é paz, é força, é desejo, é imagem modelo a querer copiar, é cheiro que se identifica e sobe para além dos outros, como uma chama que marca o destino.

E o filho sabe também, e mesmo antes disso, intui (pois há coisas que precedem qualquer forma de conhecimento) que nada o poderá deter de o olhar, a ele, ao pai, e de o querer muito, sempre, de todas as formas que lhe apetecer com todas as leituras que o amor tiver. E essas imagens são indestrutíveis, viajam com rótulo à prova de bala, são duras e simultaneamente frágeis (por isso cuidado com elas); arrepiam e, sem querer, embalam, porque deitam nas mãos nas nossas como nas dos outros, toda a ternura que o mundo tem e inventam, assim, uma forma universal de dizer « eu amo-te meu filho », « não me deixes nunca, pai ».

Bragadaluz
19março2023

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1- Imagens – pág. 20/21 do Livro “Ternura” de Pedro Strecht